29 de junho de 2023

Líderes setoriais compartilham os primeiros resultados de um esforço pioneiro para descarbonizar as cadeias de suprimentos globais

Nova York, NY – Em um esforço para impulsionar a mitigação e a descarbonização, Sumitomo Corporation of Americas, Bayer, JBS, AMAGGI, Rumo e SINAI Technologies anunciaram hoje os resultados iniciais de sua colaboração inédita para coletar, alocar e compartilhar dados primários de emissões nas cadeias de suprimentos globais. Esses resultados são o primeiro passo na iniciativa CarbonPrime, que agora está aberta para outras empresas e participantes do setor privado.

Desde 2020, as empresas participantes colaboram em uma prova de conceito (POC) para conectar dados primários de emissões envolvendo operações de processamento de sementes, plantio, colheita, produção de rações, logística e, finalmente, distribuição desde o Brasil para mercados globais. Usando a plataforma da SINAI Technologies e com o apoio de especialistas em avaliação do ciclo de vida, as empresas pioneiras conseguiram coletar, alocar e compartilhar dados primários de maneira segura e confiável.

“O objetivo inicial era compartilhar dados primários relevantes em uma cadeia de suprimentos”, explicou Mark Lyra, diretor da Sumitomo Corporation of Americas, que propôs o conceito da iniciativa CarbonPrime. “Permitir que os dados primários de emissões fluam em uma cadeia de suprimentos é importante porque só assim construímos uma base sólida para fundamentar investimentos e outras decisões de negócios. O CarbonPrime quer acelerar a alocação de capital em infraestrutura sustentável, e a transparência e a confiabilidade dos dados são nossos pilares”.

“Permitir que parceiros de uma cadeia de abastecimento aloquem e façam a gestão de emissões de forma precisa e eficiente é uma tarefa complexa. Para tornar esta iniciativa possível, era fundamental uma plataforma de software robusta que utilizasse métodos consistentes de alocação para os produtos ao longo da cadeia de valor. O lançamento deste esforço representa um marco significativo, pois fornece resultados preliminares que demonstram o potencial para uma nova perspectiva sobre a intensidade das emissões dentro de uma cadeia de valor específica”, disse Maria Fujihara, fundadora e CEO da SINAI Technologies. “Estamos entusiasmados por dar este primeiro passo com cálculos de emissões mais precisos e eficientes, com o objetivo final de facilitar o compartilhamento de dados em várias cadeias de abastecimento globais.”

Desde o início, a iniciativa contou com a visão de vários especialistas para validar o conceito, avaliar a viabilidade técnica e garantir que o esforço possa levar a avanços na monetização dos resultados de redução de emissão de carbono. Entre essas organizações estão o Rocky Mountain Institute, IETA e outros.

“A visualização de dados primários nas cadeias de abastecimento é um passo muito importante para ajudar empresas, investidores, e governos a projetar estratégias eficazes para manter o aquecimento global abaixo de +1,5oC”, disse Paolo Natali, do Rocky Mountain Institute. “A RMI está assessorando o WBCSD em sua iniciativa Pathfinder e incentiva outros líderes do setor a desenvolver tais capacidades.”

Até agora, as empresas contavam com dados secundários para estimar as emissões em suas cadeias de suprimentos. Embora essas estimativas tenham sido fundamentais para ajudar empresas entender as emissões e produzir relatórios corporativos, os dados secundários não são adequados para informar as decisões de investimento.

“Investir em oportunidades de redução de emissões é como qualquer outro investimento. Se estou comprando ações de uma empresa, quero saber o desempenho dessa empresa específica. Preciso entender os dados primários dessa empresa. Dados secundários, como desempenho do setor e histórico da indústria, são relevantes, mas estão longe de serem adequados para justificar o investimento em uma ação específica”, explicou Alasdair Were, da Associação Internacional de Comércio de Emissões (IETA).

Habilitando o compartilhamento de dados para gerar resultados reais

Nesta primeira fase, o POC optou por manter o escopo dos dados primários em um nível relevante e gerenciável. “As empresas envolvidas já têm um conhecimento profundo de suas próprias emissões e, devido ao seu tamanho, uma quantidade incrível de dados estava disponível. Por outro lado, pelo potencial disruptivo dessa iniciativa, o grupo percebeu que seria melhor limitar o escopo para que os resultados não fossem apenas relevantes, mas também verificáveis por terceiros em tempo razoável”, disse Mark Lyra.

Conforme destacado no infográfico, os resultados da POC ilustram como o fluxo de dados primários na cadeia de suprimentos pode diferir muito até mesmo das melhores estimativas geradas por dados secundários. Embora as estimativas baseadas em dados secundários tenham desempenhado um papel fundamental nos relatórios corporativos e na compreensão das emissões em nível global, apenas os dados primários podem fornecer a precisão e a confiabilidade para liberar o investimento necessário para descarbonizar as operações da cadeia de suprimentos global.

A próxima fase da POC contempla a ampliação do escopo dos dados primários para áreas como produção de sementes, produção de fertilizantes, pequenos e médios agricultores, produtos de couro, entre outros. Paralelamente, o grupo disponibilizará os resultados para auditoria e publicará um “white paper” com a estrutura de alocação desenvolvida.

“Iniciamos discussões com algumas das empresas ‘big four’ de contabilidade e pretendemos ter os resultados auditados este ano”, explicou Lyra. “O processo de auditoria deve ser relativamente simples pois um dos princípios-chave desse esforço era não reinventar a roda. A equipe seguiu a estrutura do WBCSD Pathfinder e os padrões do setor, como fatores de emissão e princípios de alocação do GHG Protocol. A principal inovação foi permitir que especialistas do setor acessassem dados primários e desenvolvessem uma estrutura específica para a aplicação desses padrões. Essa estrutura será disponibilizada ao público e provavelmente evoluirá com o tempo.”

A realização do POC em parceria com a SINAI foi um dos principais fatores de sucesso desse esforço. Não surpreendentemente, as empresas hesitam quando se trata de compartilhar dados primários. Afinal, as emissões muitas vezes são calculadas com base em dados operacionais sensíveis, como custos e tecnologia utilizada. A plataforma da SINAI não apenas permitiu que os dados fossem capturados e gerenciados em um nível muito granular, mas também forneceu acesso seguro a terceiros para que a privacidade pudesse ser garantida durante todo o processo.

A SINAI acredita que a intensidade de carbono de um produto deve ser determinada por um fluxo constante de dados primários, não por um dado estático no tempo. O mesmo pode ser dito sobre o impacto dos investimentos em descarbonização. Por exemplo, a redução de emissões resultante da implantação de painéis solares em um frigorífico na Europa é diferente da instalação dos mesmos painéis em uma planta semelhante no Brasil.

Lançando as bases para um novo ativo de carbono

Além de ajudar a identificar oportunidades de descarbonização nas cadeias de suprimentos, o grupo também acredita que o compartilhamento de dados primários relevantes pode permitir o agrupamento de recursos e a monetização de novos Ativos de Carbono. “Agora que temos uma linha de base, também podemos começar a compartilhar dados primários sobre oportunidades de mitigação em toda a cadeia de suprimentos”, explicou Lyra. “Isso pode mudar o jogo para o uso de créditos de carbono, investimento em infraestrutura e desenvolvimento de ativos digitais de carbono.”

De fato, yra tem estado em sintonia com o projeto Climate Warehouse do Banco Mundial (https://www.theclimatewarehouse.org/) desde o início. Em novembro passado, a IETA, o Banco Mundial e o governo de Cingapura anunciaram o lançamento do Climate Action Data Trust (CAD Trust), que é a primeira parte do ecossistema digital do Climate Warehouse a entrar em operação. Segundo Lyra, a expectativa é que essa infraestrutura sirva como porta de entrada para o setor privado liderar os esforços de descarbonização da cadeia de suprimentos com base em fluxos de dados primários auditados. “Quando se trata da economia de baixo carbono, as regras do jogo não estão definidas e há muitas incertezas”, explicou. “No entanto, corporações com visão de futuro estão encontrando maneiras de agir e implantar capital com base na ciência, transparência e reputação. Os participantes do CarbonPrime veem a necessidade de serem proativos ao alavancar a tecnologia atual para construir as bases para uma transição positiva e justa”.

Próximos passos para CarbonPrime

Bayer, AMAGGI e JBS são os líderes iniciais da parceria e já anunciaram compromissos para alcançar uma abordagem positiva para o clima com base no SBTi. Desde então, a Rumo juntou-se ao projeto e muitos outros manifestaram interesse em participar. Esta é a primeira vez – em qualquer setor – que uma iniciativa colaborativa compartilha resultados com base em dados primários compilados em todas as operações da cadeia de suprimentos. Embora esta primeira parceria se concentre no setor agrícola, a abordagem deve ser aplicável em toda e qualquer cadeia de suprimentos. Afinal de contas, o objetivo é acelerar a implantação de soluções de baixo carbono globalmente.

Comentários dos líderes da cadeia de suprimentos sobre o CarbonPrime POC

“A agricultura, mais do que nunca, deve ser uma das principais soluções para os desafios climáticos do nosso planeta. É crucial intensificar a adoção de práticas agrícolas sustentáveis e fortalecer o trabalho feito com Nature-Based Solutions, mas para serem totalmente bem-sucedidas, as soluções devem funcionar em conjunto em diferentes setores e em toda a cadeia de valor”, disse Alejandro Girardi, diretor Relações Publicas, Ciência e sustentabilidade para América Latina da Bayer Crop Science. “O CarbonPrime reflete isso, mostrando como a cooperação e o compromisso mútuo podem trazer mais eficiência, sustentabilidade e transparência para todas as partes interessadas envolvidas, beneficiando os produtores, o meio ambiente e a sociedade como um todo.”

“Participar dessa iniciativa com os principais atores da nossa cadeia de valor fortalece os objetivos ESG da AMAGGI”, disse Juliana de Lavor Lopes, diretora de ESG, Comunicação e Compliance da AMAGGI. “Entendemos que a agricultura tem um papel fundamental na mitigação das mudanças climáticas. Portanto, oferecer soluções climáticas para os desafios globais está alinhado à nossa estratégia de sustentabilidade, que inclui os compromissos de reduzir nossas emissões até 2035 e neutralizar as emissões líquidas até 2050 (emissões NetZero), de acordo com a iniciativa Science-Based Targets (SBTi) e o movimento global Race to Zero, do qual fazemos parte.”

“A mudança climática é o desafio do nosso tempo e devemos agir com urgência para combater os efeitos negativos do aquecimento global e alimentar uma população mundial crescente.” Disse Jason Weller, Global Chief Sustainability Officer, JBS. “Como uma das empresas globais de alimentos mais diversificadas, temos a oportunidade de alavancar nossa escala e influência para ajudar a liderar uma transformação sustentável dos mercados agrícolas que capacita produtores, fornecedores, clientes e consumidores. “Iniciativas colaborativas da indústria baseadas em ciência e dados como este são essenciais para aumentar a transparência, comparar com mais precisão o progresso e otimizar o investimento em descarbonização em toda a nossa cadeia de valor”. Em março de 2021, a JBS, uma das principais empresas de alimentos do mundo, anunciou a ambição de zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa (GEE) até 2040, e essa iniciativa é mais um passo à frente.

Para Cristiano Brasil, Vice-Presidente de Gente&ESG da Rumo, “a parceria com a SINAI oferece uma plataforma para centralizar os dados das emissões de gases de efeito estufa das atividades da empresa, permitindo o direcionamento de estratégias de mitigação dos impactos causados, bem como a definição de metas para redução dessas emissões. Também é possível compartilhar dados com stakeholders, como parte do monitoramento da cadeia de valor, dando transparência ao processo.”